segunda-feira, 23 de maio de 2011

Ser um professor!


Talvez a profissão da docência esteja mais em mim do que possa imaginar. Só comecei a pensar nela efetiva e concretamente quando troquei de habilitação do bacharelado para a licenciatura no curso de Ciências Sociais. Mas quantas vezes já não ouvi de familiares, amigos, colegas, enfim, pessoas próximas, o quanto “eu tinha o talento para a coisa”! Lembro, da minha infância, o quanto gostava de brincar de professor. Chegava a improvisar um “quadro negro” e dava aulas de história de um país inventado por mim para alunos imaginários . O conhecimento e o acesso aos livros eram minhas brincadeiras preferidas de criança. No entanto, isso, por anos, ficou guardado somente dentro de minhas lembranças. A fora isto, fui muito influenciado pelo pela forma como meus pais me educaram. Meu pai, tendo sido seminarista e orgulhoso de seu capital cultural, fazia questão de ensinar aos filhos, coisas da língua portuguesa, de suas origens do latim e do grego, além de palavras em alemão e francês, além de sempre conversar com os filhos sobre história, geografia, humanidades em geral. Já minha mãe fazia questão de levar-nos a passeios em museus, bibliotecas, feiras culturais e sempre nos incentivou o hábito da leitura.
Na escola não foi diferente. Estudei a vida inteira em escolas públicas, iniciando minha vida escolar ainda nos tempos da ditadura. Naquela época, a escola pública era outra. A profissão de professor ainda tinha status e um certo reconhecimento. Pelo menos socialmente. Ser professor era quase vocacional, um dom, necessário para tanto altruísmo e abnegação. Acabei procurando em meus professores as mesmas qualidades que recebi de meus pais, assim, os professores que me encantavam e mais influenciavam eram aqueles os mais eruditos. Ainda lembro, já no ensino médio (á época, segundo grau) de ter ficado embevecido com uma professora de literatura ao recitar de memória, trechos de Dom Casmurro, de Machado de Assis, meu escritor favorito entre todos.
O mais curioso é que foi justamente essa busca da erudição que me trouxe à Sociologia e que, através dela, me encantei com outros conhecimentos que também considero legítimos, sejam, eles populares, tradicionais, étnicos, tribais, comunitários, enfim, todas as possibilidades de saberes e fazeres.
Pensando na forma como fui educado, muitos poderiam dizer mesmo, que seria bem natural que eu seguisse a carreira da docência e que ser professor tem muito a ver comigo. Mas ser professor realmente é uma vocação? Existe uma identidade docente? Existe algo, realmente, em mim ou em qualquer outro que possibilite ou direcione à profissão? Existe um jeito de ser um professor?

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Tornar-me um professor?

Sempre fui influenciado positivamente por professores, tanto dentro do ambiente familiar quanto dentro do mundo escolar e acadêmico. Sempre vi com bons olhos esta profissão. No entanto, até metade do curso universitário ainda não me via na profissão. Ingressei no bacharelado depois de anos no teatro porto-alegrense.
E foi no teatro que aprendi que podemos influenciar positivamente a sociedade propiciando sua transformação. Ou pelo menos que ela se pense criticamente.
Nas vésperas do TCC, resolvi mudar a habilitação para a licenciatura com propósito mercadológico. E na Educação me dei conta que um professor, assim como o ator, também é um agente de potencial transformador da sociedade.
Assim, penso antes de mais nada, poder ensinar/mostrar a meus futuros alunos, que eles podem ter a capacidade de conhecerem melhor o mundo que habitam e, também, o quanto podem ser responsáveis por ele e pelo andamento, continuidade, ruptura ou transformação das ideias nele vigentes. E o quanto isso é maravilhoso. Afinal, nosso mundo, repleto de injustiças e falhas, quando o conhecemos melhor, seu funcionamento, podemos torná-lo ainda mais justo para nós e para as gerções vindouras.
Quero apenas, através de minha profissão, produzir seres humanos e cidadãos pensantes e críticos, contudo, evitando, sempre, impor minha forma de pensar.
Quero ensinar-lhes a encontrar seu próprio caminho, sua própria forma de pensar dentro de suas particularidades, experiências e histórias de vida, mostrando-lhes que tudo pode ter vários pontos de vista e que essa realidade que está aí não é absoluta.
Utópico? Talvez.
Mas este foi o sonho de um grande amigo, profissional da área da História. Não sei se ele conseguiu com seus alunos... Provavelmente. O importante é que ele conseguiu. Comigo!